Editorial

Arquitectura, casa, habitar, projecto.

A curiosidade é alimentada pelo desconhecido. O conhecimento necessita da ignorância assim como a memória do esquecimento. Quanto mais dúbio e multíplice o objecto de estudo, maior o apetite de saber. Quanto menos nítida e definida a realidade, mais essencial, menos acidental a sua interpretação.

A casa como objecto de estudo inesgotável e indefinível, sempre trémulo. A casa como território nunca delimitado, sempre diferente. Seja como fenómeno popular, ou como conceito ontológico erudito, em todo e qualquer enquadramento cultural e intelectual, a casa representa um dos objectos mais ricos e determinantes para a cultura arquitectónica.

A casa como objecto de estudo, o habitar como sua condição contingente. Ideias e fenómenos complementares para a definição de um universo conceptual sobre o qual construir um discurso de reconhecimento arquitectónico. Elementos necessários e suficientes para a definição de um território de confluência epistemológica no interior do qual se organiza um saber ligado ao projecto de Arquitectura. Um território cuja extensão e complexidade ontológicas permitem a construção de um âmbito de estudo onde as diferentes abordagens disciplinares resultem numa única articulação de conhecimento polarizada no campo da Arquitectura.

O conhecimento surge e legítima-se sob a forma narrativa. O estudo da casa produz uma história cuja leitura e interpretação definem uma fronteira de pertinência e legitimidade disciplinar. A alteração desta fronteira acontece através da articulação de diferentes narrativas polarizadas sempre e necessariamente, em redor da casa e do habitar.

Isto é um pressuposto e uma condição de homologação sine qua non.