Camilo Korrodi: entre a tradição e a modernidade


Ana Filipa Pinto Pinhal (Arquitecta, FAUP/PDA)

A incursão à obra de Camilo Korrodi  (1905-1985) surge como um propósito para uma reflexão alargada acerca das questões que se encontram relacionadas com a arquitectura portuguesa, em particular a do séc. XX, balizada em finais da década de 40 e inícios de 50, sem contudo descurar as influências de uma série de acontecimentos que marcaram essa época, como também os que a antecederam.
A alusão à Casa Aníbal Guedes Coelho  surge com a particularidade de constituir uma casa unifamiliar de meados do séc. XX, caracterizada como de transição e com uma nova condição de ser moderno, o que lhe confere um carácter experimentalista. O interesse na Casa Aníbal Guedes Coelho recai, igualmente, no facto de Camilo Korrodi assumir, a partir de 1944, um percurso pessoal e, como tal, mais ‘desprendido’ da obra de seu pai, Ernesto Korrodi, o que se traduz em produções arquitectónicas mais empíricas. Apesar de influências modernas essa casa constitui uma obra duplamente marcada pela tradição e por um ‘moderno inacabado’, característica transversal à generalidade das suas obras [Fig. 1].
Traduzido, esse momento de reflexão, sob a forma de um artigo, de carácter predominantemente ensaístico, que surge como o espaço de exploração de uma problemática, pretende-se balizar o percurso de um pensar que nos conduza a uma fundamentação assente num plano teórico e crítico. Ao exercício de exploração/reflexão, aberto e subjectivo, ao qual está subjacente um processo de raciocínio, espera-se que a esse se ancore um conhecimento alargado acerca dos dispositivos espaciais e de um conjunto de questões que se encontram associadas à produção arquitectónica de meados do séc. XX. E que, ao mesmo tempo, se possa tirar partido desses mesmos processos como âncora na transposição das barreiras, das problemáticas e das interrogações com que nos vamos criticamente deparando ao longo de todo um processo de concepção projectual.

Descarregar artigo em PDF